#Version 3 #Begin-Auto-Completion AutoCompletion/Scene/Enabled:True AutoCompletion/Scene/Items:0 AutoCompletion/Character/Enabled:True AutoCompletion/Character/Items:0 AutoCompletion/Transition/Enabled:True AutoCompletion/Transition/Items:12 AutoCompletion/Transition/Items/1:BACK TO: AutoCompletion/Transition/Items/2:CROSSFADE: AutoCompletion/Transition/Items/3:CUT TO: AutoCompletion/Transition/Items/4:DISSOLVE TO: AutoCompletion/Transition/Items/5:FADE IN: AutoCompletion/Transition/Items/6:FADE OUT AutoCompletion/Transition/Items/7:FADE TO BLACK AutoCompletion/Transition/Items/8:JUMP CUT TO: AutoCompletion/Transition/Items/9:MATCH CUT TO: AutoCompletion/Transition/Items/10:SLOW FADE TO BLACK AutoCompletion/Transition/Items/11:SMASH CUT TO: AutoCompletion/Transition/Items/12:TIME CUT: #End-Auto-Completion #Begin-Config FontSize:12 Margin/Bottom:25.40 Margin/Left:38.10 Margin/Right:25.40 Margin/Top:12.70 Paper/Height:297.00 Paper/Width:210.00 PageBreakActionLines:2 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PLANO FECHADO. >.SOM DE PÁSSAROS AO FUNDO. Vemos o rosto de um jovem, falando >.ao telefone. Nota-se que está de pé. Pela luz que bate em >.seu rosto, vemos que é início de tarde. Ele olha através ..janela conforme fala. ._NIKOLAI .:...Certo. Posso deixar um recado? ._NIKOLAI (CONT.) >:Você pode dizer a ele que o Nikolai .:chegou? É o filho dele. ._NIKOLAI (CONT.) >:Isso...  Posso imaginar, mas não se >:preocupe. Pode esperar ele chegar.  .:Obrigado. .\SEQ 2 - INT.CASA.DIA .=PLANO GERAL. >.Ele desliga o telefone. Podemos ver melhor o jovem agora: >.aparenta ter entre 18 e 20 anos, não mais do que isso. Corpo >.franzino. Veste calça e camisa, com uma malha por cima da ..camisa. >.Vemos também a casa. Trata-se do interior de uma casa de >.espaço médio. De uma forma geral, as coisas estão no lugar, >.mas não deixa de haver alguma desordem imposta pelo >.cotidiano. Pelos móveis, podemos deduzir que estamos no ..final da década de 1980 ou início dos anos 1990. >.Trata-se da casa de uma família de classe média >.trabalhadora. Ele caminha do móvel onde estava o telefone >.para o sofá central da sala. De onde o vemos, a câmera o ..pega da altura dos joelhos. >/CRÉDITO: FLORESTA ./VERMELHA >.Ele senta e parece esperar por nada em particular, como que ..para passar o tempo; seu olhar vaga pela casa. .\SEQ 3 - INT.CASA.DIA .=PLANO GERAL. CONTINUAÇÃO DE CENA. ._LILIYA (O.S.) .:Você não mudou muito. >.A voz vem da direita, de fora da câmera. Ele ergue os olhos, ..surpreendido pela quebra do silêncio. >.A mão dela entra no plano e se apoia em um móvel que estaria >.à frente da lente da câmera, mas não vemos mais do que a mão ..e parte de seu braço. ._LILIYA (O.S.) .:Nunca achei que você fosse voltar. ._NIKOLAI .:Eu também não. >.Ela entra em cena. Está de vestido, um vestido leve, ..colorido. Cruza o plano e senta-se à sua direita no sofá. ._LILIYA .:Como você está? ._NIKOLAI .:Essa é uma pergunta complicada... ._LILIYA >:Eu sei... Seu rosto está machucado. .:O que aconteceu? .=PLANO MÉDIO. >.Vemos os dois mais de perto agora, conforme conversam no ..sofá. Ela toca seu rosto. ._NIKOLAI >:As barreiras. Foi difícil passar >:pelas barreiras. Vim à noite e >:mesmo assim foi difícil. Não achei .:que a vigilância fosse tão grande. ._LILIYA >:Algumas pessoas têm voltado, filho. .:São muitos anos. ._NIKOLAI .:Foi o que pensei. ._LILIYA >:Eles não querem as pessoas >:voltando. Como você passou as .:cancelas? >.Apesar de haver tocado seu rosto, durante todo este diálogo, >.ela olha fixamente para seus olhos - de forma impassível, >.penetrante, como se o estudasse. Apoia a cabeça na mão >.esquerda, por sua vez apoiada no sofá. Ele olha para o chão, ..principalmente. ._NIKOLAI >:Pelo sul. Achei que cortar pela >:reserva seria mais fácil para .:chegar às estradas secundárias. ._LILIYA .:Você viu os lobos então. ._NIKOLAI .:À noite. Vários deles. ._LILIYA >:É só à noite que há algum movimento >:por aqui. De dia, é este silêncio; .:mal os pássaros dão as caras.  .((breve silêncio) ._LILIYA >:Os lobos têm procriado. Eles e os >:cavalos. Há muitos cavalos >:selvagens agora. Cavalos e .:turistas. ._NIKOLAI .:Turistas? ..A afirmação claramente o pega de surpresa. ._LILIYA .:Turistas. ._NIKOLAI .:O que os turistas vêm fazer aqui? ._LILIYA >:São poucos ainda. Mas já dizem que >:vão abrir novos mercados em >:Pripyat. Achamos que, com o tempo, >:virão mais. Vamos ter de nos .:acostumar. ._NIKOLAI .:Eles chegaram até a vila? ._LILIYA >:Não saem de perto dos cientistas. >:Mas você conhece os turistas. .:Alguns vão até as vilas sozinhos. ._NIKOLAI >:Mas como chegaram aqui? Eles >:apagaram as estradas dos mapas, eu >:mesmo tive de lembrar o caminho. E >:vi as placas nas entradas das .:vilas, quase nenhuma mais tem nome. >.Ele se exalta um pouco ao protestar, o que a tira do sério e >.a inquieta. Ela responde de forma mais ríspida do que sua ..aparente impassividade permitiria. ._LILIYA >:Eles não vem fazer visitas, >:Nikolai. Mal saem da estrada, têm >:medo de entrar nas casas. Vem .:olhar, bater fotos. >.Ele entende a reação dela e não responde. Ela se levanta. A ..conversa acabou. ._LILIYA .:Seu pai sabe que está aqui? ._NIKOLAI >:Liguei para ele. Acabei de deixar .:um recado. ._LILIYA >:Ele deve estar em campo. Mas .:voltará mais cedo, você vai ver. >.Ela sai em direção à cozinha. Ergue a voz ao final para ser ..ouvida. ._LILIYA >:...Seu tio falou de você esses >:dias. Disse que sabia que você .:voltaria. ._NIKOLAI .:Ah, é?... >.Ele permanece no sofá um tempo. Depois levanta, começa a ..andar pela casa. Para em frente a uma estante. .\SEQ 4 - INT.CASA.DIA .=PLANO MÉDIO. >.Vemos uma estante de poucos livros, todos aparentando bem ..velhos e pouco manuseados. Há bastante pó nas prateleiras. >.Em uma delas, há um álbum de recortes vermelho, de >.encadernação simples. Ele puxa o álbum e começa a folheá-lo. >.Ele passa as páginas com atenção e curiosidade, mas não >.vemos o que ele vê. Detém-se na observação e acaba sentando, ..com o álbum. ._HALYNA >:Você sempre gostou de ver esse .:álbum velho! ..A voz vem de trás dele, o surpreende. ._NIKOLAI .:Halyna! >.A recepção da irmã é bem mais calorosa do que a da mãe. >.Vemos uma menina, deve ter uns 13 anos, mas de comportamento ..infantil. Eles se abraçam calorosamente. ._HALYNA >:O que você está olhando? Está com .:saudades da maior maçã da vila? .((risos) ._NIKOLAI .:Esta eu não havia visto. >((Ele aponta uma das .(fotografias do álbum) .=CLOSE-UP NA FOTOGRAFIA. >.Ela mostra a irmã com algum amigo, provavelmente da escola. >.Ambos sorriem, olhando para o fotógrafo. A julgar pelo rosto >.da menina, a foto parece ter sido tirada no dia anterior. ..Mesmo a roupa é parecida. .=PLANO MÉDIO. ._HALYNA >:Ah! Acho que isso foi no dia da .:desocupação. ._NIKOLAI >:Mmm... Qual era mesmo o nome deste .:menino? ._HALYNA >:Serhiy. Ele é de Polis'ke, mas >:sempre aparece nos finais de .:semana. Quando você chegou? ._NIKOLAI .:Hoje à tarde. ._HALYNA .:Você parece cansado. ._NIKOLAI >:Demorei muito na estrada, ainda não >:dormi de ontem para hoje. Há uma >:pausa breve e ansiosa, onde nenhum .:dos dois sabe bem o que dizer. ._HALYNA >:Então... O que você fez todos esses .:anos? ._NIKOLAI >:Bom, eu... Eu saí, fui para a .:capital como quase todo mundo.  ._HALYNA >:Disseram aqui que as pessoas não .:ficaram muito tempo na capital. ._NIKOLAI >:Sim. A vida é diferente por lá. >:Acabei arrumando um emprego como >:entregador. Eu não estava sozinho >:no começo, mas acabei tendo de me .:virar. Depois, entrei na faculdade. ._HALYNA .:Na faculdade? .((assobio de descrença) ._NIKOLAI .:É... ._HALYNA .:Foi fazer o que na faculdade? ._NIKOLAI >:Eu consegui uma bolsa... Comecei a .:fazer Agronomia... ._HALYNA .:Agronomia!? .((risos altos) ._NIKOLAI .:É, eu sei... ._HALYNA >:Mamãe falou que quando você foi .:embora, deveria estar louco! ._NIKOLAI .:Eu sei, eu sei... ._HALYNA >:Mas entrar na faculdade?  Ele olha .:para ela, em silêncio. ._HALYNA >:Mas você sabia, não é? Que você não .:ia terminar? .((breve silêncio) ._NIKOLAI .:Sim. Sim, eu sabia. .((novo silêncio) ._HALYNA .:Desculpe. Eu não queria... ._NIKOLAI >:Não, tudo bem... Eu não sei o que >:estava pensando. Porque eu sabia. .:No fundo, eu sabia. ._HALYNA .:...Só faltava você... >.Ele se levanta, coloca o álbum de volta na estante. Há ..aquele silêncio, é uma conversa cheia de silêncios. ._HALYNA >:Você ainda não viu, não é? Quando >:chegou... você veio direto para a .:casa? >.Ele olha para a irmã. Ela responde com um gesto de cabeça, ..inquiridor, querendo dizer que ele já sabe a resposta. ._NIKOLAI .:As pedras!? .((Ela meneia a cabeça) ._NIKOLAI >:As pedras! Você ainda guarda as .:pedras! ._HALYNA .:Venha, venha ver. ..A mão dela roça a dele, suavemente, rapidamente. ./CORTA PARA: .\SEQ 5 - INT.QUARTO.DIA .=PLANO GERAL. >.Vemos um quarto obscurecido de forma proposital. Há uma mesa >.central e prateleiras espalhadas. De um modo geral, parece >.um depósito ou uma oficina, pois pode-se ver alguns >.aparelhos e objetos aos cantos, mas o quarto claramente é >.usado para outro propósito: nas estantes e na mesa há >.disposições bem trabalhadas de pequenas pedras azuis, >.reluzentes, formando diagramas diversos. Pode-se ver que a ..menina passa um bom tempo aqui. .=CLOSE-UPS NOS DESENHOS. >.P.V. NIKOLAI - A câmera passa devagar pelos desenhos, como ..se fosse o olhar dele. .=PLANO GERAL. ..Ambos estão dentro do quarto. ._NIKOLAI .:Você continua colecionando... ._HALYNA >:Você não imaginou que eu tinha .:juntado tantas, não é? ._NIKOLAI >:Quando eu saí, acho que você tinha .:menos da metade. ._HALYNA >:Elas são mais difíceis de encontrar >:agora. Sabe? Desde os .:reassentamentos. ._NIKOLAI .:Elas tinham sido proibidas. ._HALYNA >:Sim, mas ainda dá para achar >:algumas. Boa parte fica no rio, nos .:buracos do rio... ._NIKOLAI >:Estão muito bonitas... Por que não .:estão mais na sala? ._HALYNA .:Papai não quer mais. ._NIKOLAI >:Por que não? Ele costumava achá-las .:bonitas também. ._HALYNA >:Ele diz que as pedras são besteira. >:Diz que elas nunca deveriam ter >:aparecido aqui. Mamãe não fala >:nada, mas eu acho que ele levou a .:sério a medalha. ._NIKOLAI .:Medalha? >((Ela parece levemente .(surpresa) ._HALYNA >:Você não viu? Claro! Ela chegou .:logo depois que você foi embora. ._NIKOLAI >:Eles mandaram uma medalha!? Para .:cá!? ._HALYNA >:Está no quarto, vai ver assim que >:subir. Deram a todos os militares, >:aos bombeiros... Disseram que, se >:não fosse por eles, teria sido >:muito pior. Viraram heróis, eu .:acho... >.Vemos Nikolai no primeiro plano. Ele faz uma cara de >.incômodo, coloca a mão perto de uma das costelas. Halyna, ao ..fundo, não percebe o movimento. >.Ela se move para um canto, onde há umas coisas atulhadas e ..umas caixas. Tira uma das caixas da pilha e a abre. ._HALYNA .:Olhe, veja isso. ._NIKOLAI .:O que é? >.Ele se aproxima. De dentro da caixa sai um brilho ..avermelhado. .=CLOSE-UP. >.Vemos os dois agora como se os olhássemos por cima da caixa, ..seus rostos bem em frente à câmera, refletindo o vermelho. ._HALYNA .:É um ramo da Floresta Vermelha.  ._NIKOLAI .:Uau! ._HALYNA >:Você se lembra de como ela .:brilhava? ._NIKOLAI >:Eu me lembro da sensação. Em todos >:esses anos, nunca esqueci. Mas não .:lembrava tanto. Não deste jeito. ._HALYNA >:Um dia, o papai deixou escapar que >:iam enterrar a floresta. O Serhiy >:estava aqui em casa. Corremos e >:chegamos antes deles. A gente pegou >:este ramo, mas não deu para levar >:muito mais, não ia ter onde .:esconder. ._NIKOLAI >:Sonhei algumas vezes sobre aquele >:dia, quando a gente subiu no forro >:para ver a floresta de cima. Queria .:ter entrado nela. ._NIKOLAI (CONT.) >:Vi muitas vilas enterradas pelo >:caminho, vindo para cá. Outras .:estavam queimadas... >((Ele continua a olhar .(dentro da caixa.) ._NIKOLAI >:Você sabe, Halyna... Sabe o que .:diziam na cidade? ._HALYNA .:O quê? ._NIKOLAI >:Diziam que o trabalho de muitas >:pessoas naquele dia deveria ter >:sido feito por máquinas, por robôs, >:mas que os robôs não conseguiam >:passar pelos destroços.  Sabe como >:eles chamavam os caras como o tio >:Anatoly, que ficaram no telhado? De >:robôs biológicos. Dizem que eles >:sabiam que não iam durar muito >:tempo, que iam morrer logo em >:seguida, mas mesmo assim >:continuaram trabalhando. Muitas >:pessoas morreram assim que chegaram >:na cidade. Outras, nas semanas >:seguintes. Eu pensei em voltar, mas >:aí declararam a Zona Proibida. Vi >:que outros voltaram, mas perdi a >:coragem. Acho que entrei na >:faculdade para tentar esquecer isso .:aqui. ._HALYNA >:Tudo bem, Niko. Você voltou. Está .:aqui agora. ..A resposta não é imediata. ._NIKOLAI .:Sim. Sim, estou. ..O brilho vermelho do ramo reflete em seus rostos. .=FADE-OUT. .\SEQ 6 - INT.CASA.ENTARDECER .=PLANO GERAL. >.SOM: BARULHOS DE COZINHA. De volta à sala, vemos uma mudança >.na luz externa. Nikolai está sentado ao sofá, novamente com >.o álbum de recortes na mão. Ouvimos barulhos de louça vindos ..da cozinha e, de repente, novos barulhos. Alguém chegando. >.SOM: PASSOS DO LADO DE FORA. RUÍDOS DA PORTA. Ele coloca o >.álbum de lado. Senta-se e ajeita-se para olhar a porta, com ..o corpo virado. >.A porta se abre e revela um homem mais velho, com seus 40 >.anos. Ele usa vestimentas pretas por cima das roupas, como >.um uniforme de proteção, e carrega nas mãos uma máscara. ..Assim que entra vê a mulher e o filho. ._YURIY .:Liliya. ._LILIYA .:Yuriy. >.O cumprimento de ambos restringe-se a esta fala, seca. O >.filho se levanta. O homem parece sério, perscruta-o com o ..olhar. Parece tão impassível quanto a mãe, horas antes. ._YURIY .:Vim assim que pude. >.Ele fecha a porta e entra um pouco mais na sala. Pendura a >.máscara na parede, sem tirar os olhos do filho. Chega mais >.perto dele, mas mantém alguma distância. Ambos sustém o ..olhar. ._YURIY (CONT.) .:Você voltou. >((O pai passa a mão na >(barba. O filho não .(responde.) ._YURIY (CONT.) .:Você fugiu. >((O filho permanece em .(silêncio.) ._YURIY (CONT.) .:Você fugiu. >((Sua voz é firme, direta, >(mas não ríspida. Também .(não é de todo calma.) ._YURIY (CONT.) >:Você saiu desta casa no momento em >:que todos aqui precisavam de você. .:Você fugiu! Passou anos fora.  ._NIKOLAI .:Eu... >.O pai faz um aceno com a mão, o dedo indicador erguido em >.direção a ele, para que o filho se cale. Ele ainda não ..terminou. O sofá está entre eles como que os separando. ._YURIY >:Nós tivemos de limpar todos os >:destroços. Tivemos de borrifar >:quilômetros e quilômetros de >:plantação. Tivemos que guardar >:todas as carcaças de caminhões, >:jipes e helicópteros nos depósitos. >:E onde estava você? A cada >:borrifada que nós dávamos no ar >:para fixar o veneno no solo, eu >:pensava em você. A cada carrada de >:detrito, a cada pá daquela fumaça, >:aquela maldita fumaça que entrava >:na gente como se essas máscaras >:fossem de papel, eu pensava em >:você. Durante anos fiquei sem saber >:se você iria voltar. E durante anos >:pensei no que dizer se você >:voltasse.  O que você pensava? Que >:saindo daqui você conseguiria >:fugir? Que estaria livre? Mas o >:veneno estava em você, não estava? >:Estava em todo mundo. Um por um, >:todos ficaram cansados. E não foi >:só aqui, eu ouvi os cientistas >:falarem. Todos foram caindo. Seu .:tio... >.Mãe e irmã, que observam a cena caladas se aproximam um >.pouco mais de Yuriy. Mesmo sem olhar, o pai percebe a >.movimentação das mulheres e parece levar o gesto em ..consideração antes de voltar a falar, de forma pausada. ._YURIY (CONT.) >:Sua irmã, Nikolai. Sua irmã >:colecionou as pedras até depois que .:você foi embora. ._LILIYA .:Yuriy... ._YURIY >:Tudo... Tudo... Tudo não importa. >:Lá fora, não importa, você vê? >:Passou a não importar mais no dia .:daquela maldita explosão. ._LILIYA >:Ele já entendeu, Yuriy. Senão não .:haveria voltado. >.Ele olha para ela como se sua presença tomasse alguma forma, ..ainda que vaga. ._YURIY >:Aqui... Aqui é o seu lugar. Eu... .:Nós... >.Ele balbucia. Seu corpo se curva em um cansaço enorme, mas a ..voz prossegue firme para terminar de dizer. ._YURIY >:Nós ficaremos felizes se você se .:juntar à nossa mesa. >.A fala não parece condizer com o olhar. O sentido é claro e >.parece conciliador, mas o olhar parece não acompanhá-lo, >.permanece duro e o corpo, mole de cansaço. A fala soa mais ..como uma concessão do que a expressão de um sentimento. ..A mãe dá um passo à frente. ._LILIYA >:Ele não dormiu ainda, Yuriy. Você >:vê seu rosto? Ele precisa >:descansar. Nós estamos felizes, >:filho. Estamos felizes que você .:volte a dormir em casa. >.Ainda há distância na voz de Liliya. Nikolai observa o pai e >.a mãe, juntos. Vê sua irmã logo abaixo. Todos olhando para ..ele. ._NIKOLAI >:Eu... É verdade, eu estou cansado. >:Viajei à noite e não consegui >:deitar ainda. Eu acho... Acho .:que... ._LILIYA >:Nos vemos amanhã de manhã, no café .:da manhã. >.Ela olha firme, como o havia olhado, horas antes. Um olhar ..sem pudores, direto. Não há margens para enganação. ._NIKOLAI .:Claro. Vou subir. Ele sai da sala. .\SEQ 7 - INT.HALL DE PASSAGEM.ANOITECER .=PLANO MÉDIO. >.O hall de passagem para o quarto é estreito e sombrio. Está >.bastante escuro, pois não há luzes aqui. Entretanto, pode-se >.ver que há bastante pó na passagem. Há uma porta para a qual >.Nikolai se dirige, obviamente a do quarto.  Antes de abrir a >.porta, ele passa a mão por ela, para tirar algumas teias de >.aranha e um pouco de pó. Ao abri-la, vemos que está fechada ..pesadamente, quase emperrada no lugar. .\SEQ 8 - INT.QUARTO.ANOITECER .=PLANO GERAL. >.Vemos Nikolai entrando no quarto, de frente. Pode-se ver >.que, na altura de seus joelhos, estão os pés de duas camas, >.mas ainda não as vemos por inteiro. Ao entrar, ele se depara ..com uma pequena moldura, ao lado da porta. .=CLOSE-UP NA MOLDURA. >.Nikolai passa a mão pelo vidro e vemos uma medalha azulada, >.com uma gota vermelha sendo atravessada por três linhas. >.Cada uma das linhas possui um símbolo. Há algo escrito >.abaixo da medalha, mas não podemos ver direito, está escuro ..demais. .=PLANO GERAL. >.Vemos novamente Nikolai, que se afasta da medalha. A câmera >.começa a fazer um travelling lento para trás, se afastando >.dele. Ele pega alguma coisa de um móvel ao lado, algo que >.parece ser um pedaço de madeira e entra na frente da câmera, ..de modo que não vemos direito o que está fazendo. >.RUÍDOS DE POTE ABRINDO; RUÍDOS DE NIKOLAI ESCREVENDO NA ..MADEIRA COM O DEDO. >.Conforme a câmera se afasta da porta e de Nikolai, as camas >.vão tomando forma. Vemos que há no quarto um total de quatro >.camas, uma de cada lado. Percebemos, ainda que na penumbra, >.que todas as camas - exceto a que está ao lado de Nikolai - >.estão ocupadas. Há uma pequena placa em cada uma delas, >.reluzindo em um azul que brilha no escuro. Trata-se do mesmo >.azul que havíamos visto nas pedras de Halyna. Elas leem, ..respectivamente: ..À esquerda: [VAZIA] Yuriy ..À direita: Halyna Liliya >.Nikolai coloca a placa em sua cama e, aos poucos, a câmera >.para, deixando esta imagem fixar-se na tela, com os dizeres >.brilhando no escuro. Na dele, podemos ler agora, enquanto ..ele se deita na cama: "Nikolai" ./FADE-OUT LENTO. .\SEQ 9 - INT.CASA.NOITE ./FADE IN. .=PLANO GERAL. ./MONTAGEM >.Cenas do interior da mesma sala onde a conversa entre a >.família aconteceu há pouco. Ela está vazia. A sala e a ..mobília estão cheias de pó, parecem esquecidas pelo tempo. ..Vemos os livros empoeirados. ..A máscara está no chão. >.Vemos o telefone usado por Nikolai ao início da história - o ..fio está gasto, parece inútil. ..RUÍDOS DE ANIMAIS SELVAGENS VINDOS DE FORA. .\SEQ 10 - EXT.CASA.NOITE >.Vemos a fachada da casa da família. Ela está completamente >.tomada pela natureza. Ramos e raízes de planta tomam conta >.da entrada e a vegetação cobre boa parte do que vemos. A ..pintura da parede mostra-se bastante desgastada pelo tempo. ./CRÉDITOS FINAIS.